Peregrinação do túmulo ao local onde Irmã Dorothy foi assassinada
CARTA À COMUNIDADE - PEREGRINAÇÃO
Caros amigos e amigas, acabo de voltar de uma peregrinação do túmulo de Ir. Dorothy, até o lugar onde ela foi assassinada: 55 Km de camihada. Nós éramos em torno de 150, sobretudo jovens, além de algumas pessoas e comunidades encontradas durante o percurso. Nós a chamamos de “Romaria da Floresta (sexta edição), rememorando palavras proféticas da mulher: “A morte da floresta é o fim da nossa vida.” O tema da peregrinação foi: “A criação sofre as dores do parto (Rm 8, 22).
Pelo caminho, entre cantos, orações, celebrações, memória de tantos mártires que deram sua vida pela Amazônia, aqui paramos para uma refeição matinal, merenda, almoço, janta e dormida. Mais uma vez, escutei a história de tanta gente ameaçada de morte por causa do seu compromisso com a reforma agrária, por defender a Amazônia. Recordamos o casal assassinado, José Cláudio e Maria do Espírito Santo. Foram três dias cansativos, de subidas e descidas sem fim...
Grande foi a diferença encontrada entre o percurso no meio das fazendas tostadas pelo sol, com a criação de gado, e o PDS – Projeto de Desenvolvimento Sustentável, o projeto de reforma agrária defendido por Ir. Dorothy e pelos movimentos sociais. Quando entramos na terra de experiência concreta de reforma agrária familiar, logo sentimos a diferença de clima: o ar fresco da floresta nos dava vida. Também, o alimento vinha todo da natureza: banana, laranja, abacaxi, café, limão, arroz, feijão e frutas típicas da região. Havia em abundância para todos.
No lugar em que haviam assassinado Ir. Dorothy, tiramos as sandálias, lembrando a Palavra de Deus a Moisés: “Tira as sandálias, porque esta terra é santa.” Temos consciência de que hoje somos Moisés feito povo, e de que esta terra banhada pelo sangue dos mártires está dando vida a uma nova criação: é um parto de vida nova.
Na Paróquia, as coisas continuam com dificuldade. Uma mãe de cinco filhos, já dirigente de comunidade, teve que ir embora, ao menos por algum tempo, da cidade de Vitória do Xingu, porque estava ameçada em consequência das denúncias feitas contra pessoas importantes da cidade: graves indícios de pedofilia e de corrupção.
Em gesto de solidariedade, ficou hospedada na Casa Paroquial, por dois dias. O próprio Ministério Público lhe havia solicitado que se refugiasse, porque corria risco de vida. A Equipe nacional de defesa dos direitos humanos lhe ofereceu segurança, em outra cidade.
Enquanto isso, o juiz nos enviou o quarto jovem para cumprir pena alternativa, na estrutura de nossa paróquia. É um sinal de confiança, e, de nossa parte, de responsabilidade de oferecer oportunidade de reinserção a pessoas em dificuldade.
Algumas comunidades vão muito bem. Outras são muito frágeis. A fórmula política “pão e circo” funciona muito bem por essas bandas. Multiplicam-se as festas, não importa por qual motivo.
Foram iniciadas as grandes obras de construção das estradas que levam à hidrelétrica de “Belo Monte”, a qual, no entanto, ainda não foi iniciada. Ainda temos esperança de que a Justiça ou os movimentos ecológicos bloqueiem a construção dessa enorme obrea de destruição, em prejuízo do ambiente e, sobretudo, dos povos indígenas da região. A posição da Prelazia é claramente contrária. Nós também, pequena comunidade, fazemos nossa parte.
Amanhã partiremos para o retiro da Prelazia: aqui nós o fazemos juntos = Leigos, religiosas, padres e bispo. Quatro dias de oração: fazem realmente bem. Ao final, outros dois leigos serão enviados pelo bispo em missão.
Desejo-lhes boas férias. O Senhor foi o primeiro a descansar, após a fadiga da criação.
Seu irmão Vicenzo, padre fidei donum: Verona-Prelazia do Xingu
27.07.2011: festa de São Joaquim e Sant´Ana, avós maternos de Jesus.
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