Postagens

Mostrando postagens de junho, 2012

Transposição: Obra cara e longe do fim

Com menos de 4 km de trechos inaugurados, o projeto de transposição do Rio São Francisco é alvo de nova fiscalização do TCU. Pagamentos irregulares, superfaturamento e falta de fiscalização estão entre os problemas Cinco anos depois de iniciada a construção dos 622 km de canais para a transposição do Rio São Francisco, e com menos de quatro quilômetros prontos, o Tribunal de Contas da União (TCU) prepara um relatório detalhado com a fiscalização dos contratos em andamento no eixo norte e leste das obras. Embora o documento seja confidencial e ainda tenha de ser lido pelo presidente do órgão, Benjamin Zymler, antes de se tornar público, o maior problema verificado pelo TCU está na diferença dos custos previstos no projeto básico do Ministério da Integração Nacional e os valores efetivos das obras. Um exemplo é a escavação dos solos. Ao se deparar com a realidade da região, as empreiteiras acabaram gastando mais do que o previsto na licitação. No entanto, os órgãos de controle n

DECLARAÇÃO FINAL DA CÚPULA DOS POVOS NA RIO + 20

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos e organizações da sociedade civil de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade. A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima

Metade dos ativistas ambientais assassinados são brasileiros

Um estudo da ONG Global Witness concluiu que 711 ativistas foram assassinados no mundo todo ao longo da última década por protegerem a terra e a floresta - e mais da metade são brasileiros. De acordo com a pesquisa, divulgada durante a Rio+20, 365 brasileiros foram mortos entre 2002 e 2011 ao defenderem direitos humanos e o meio ambiente. Depois do Brasil, os dois países com mais mortes no período também estão na América do Sul: o Peru, com 123 mortos, e a Colômbia, com 70. Para o pesquisador britânico Billy Kyte, o alto número de mortes no Brasil se deve a uma conjunção de fatores que fazem a concorrência pela terra e pelos recursos naturais se intensificar e geram maior pressão - e tensão - no campo. Ele enumera a desigualdade na posse de terra no país, com a concentração de propriedades nas mãos de latifundiários; o grande número de comunidades que tira o seu sustento da terra; e a atuação de setores cuja produção consiste també

Governo tenta equacionar dívidas agrícolas

Ministério da Agricultura costura um amplo programa para auxiliar produtores endividados e com dificuldades em acessar crédito em instituições financeiras Ainda trabalhando nos ajustes finais do Plano de Safra 2012/13, que deverá ser lançado depois da Conferência Rio+20, que termina no dia 22, o Ministério da Agricultura também costura um amplo programa para auxiliar produtores endividados e com dificuldades em acessar crédito em instituições financeiras. O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho afirmou que solicitou ao secretário de Política Agrícola da Pasta, Caio Rocha, que prepare em conjunto com o Ministério da Fazenda uma proposta para "resolver de uma vez por todas o problema". A primeira etapa desse trabalho já foi iniciada com a realização de um levantamento que tem por objetivo mensurar o número de produtores que poderiam aderir ao programa em estudo. Após a conclusão dessa fase, virá a escolha da metodologia que será usada para resolver

Via Campesina: Economia Verde nada mais é do que o novo rosto, uma nova configuração do capital financeiro do campo

Natasha Pitts Jornalista da Adital ‘Economia Verde' vem sendo colocada como uma âncora de salvação para o mundo e como modelo mais correto de desenvolvimento. Em contraponto a esta lógica desenvolvimentista e de fundo totalmente capitalista, movimentos sociais que agregam organizações de diferentes regiões da América Latina, como a Via Campesina, rebatem essa proposta mascarada e renomeiam a economia verde de ‘capitalismo verde'. Para falar mais sobre o assunto, a ADITAL, direto da Cúpula dos Povos, conversou com Lourdes Vicente, da Via Campesina e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Adital - Como a Via Campesina entende o conceito de economia verde? LourdesVicente - Nós fizemos um amplo debate em âmbito internacional. Foi todo um processo para chegar a essa conclusão de que a economia verde nada mais é do que uma falsa solução para os grandes problemas que a gente enfrenta hoje. Nós tivemos na década de 60 a Revolução Verde, uma possível saída p

Mais mortes no campo no Maranhão

Imagem
Camponesas sem-terra sofrem aborto ao serem vítimas de tentativa de homicídio em Bom Jesus das Selvas. O Maranhão, ao lado do estado de Rondônia, está sendo palco, em 2012, de uma onda de violência sem precedentes nos últimos 20 anos. Mais de 600 famílias sem-terra e sem-teto do município de Bom Jesus das Selvas, sudoeste do Maranhão, desde janeiro de 2012, ocupam terras pertencentes à União e que foram griladas pelo latifundiário José Osvaldo Damião. Em 25 de fevereiro de 2012, José Osvaldo Damião tentou matar, por atropelamento, durante a primeira ação armada contra as famílias, a gestante Fagnea Carvalho, grávida de três meses. A trabalhadora, em razão dos ferimentos, sofreu aborto. Um dia depois, quando um grupo de pistoleiros atacou novamente o Acampamento Dois Irmãos, a sem terra Maria de Fátima Andrade de Jesus, gestante de 4 meses,   em razão das selvagerias praticadas pelo bando comandado pelo grileiro, também sofreu um aborto. Mais violência! O grileiro e assassi

Aprovada PEC do trabalho escravo

Imagem
A votação da PEC do Trabalho Escravo só foi possível depois de um acordo dos líderes, em reunião no dia 22 de maio, na sala da Presidência da Câmara. A proposta passou com 360 votos a favor, 29 contra e 25 abstenções. O texto precisava de 308 votos para ser aprovado. O acordo prevê que o Congresso aprove uma lei que regulamente os trâmites legais da expropriação. A bancada ruralista quer alterar o Código Penal que tipifica o que seja trabalho escravo. O presidente da Câmara, Marco Maia, disse que as duas Casas do Congresso vão formar um grupo de trabalho para redigir o projeto de lei de regulamentação. A criação da comissão é fruto de um acordo fechado há duas semanas entre Maia e a presidente interina do Senado, Marta Suplicy, que garantiu a votação da PEC. A Câmara alterou o texto original do Senado ao incluir também a expropriação de áreas urbanas onde se tiver detectado trabalho escravo. Serão expropriadas 'nos termos da lei'. Diante disto, a PEC volta ao s

Mensagem ante a Cúpula Rio+20 da Rede ‘em Defesa da Humanidade’

Minga/Mutirão Mutirão Informativo de Movimentos Sociais Adital Tradução: ADITAL "A solução não pode ser impedir que os que mais necessitam se desenvolvam. O real é que tudo o que contribua para o subdesenvolvimento e para a pobreza constitui uma violação flagrante da ecologia. (…) Se queremos salvar a humanidade dessa autodestruição, temos que distribuir melhor as riquezas e tecnologias disponíveis no planeta. Menos luxo e menos desperdício em poucos países, para que haja menos pobreza e menos fome em grande parte da Terra. (…) Cessem os egoísmos, cessem os hegemonismos, cessem a insensibilidade, a irresponsabilidade e o engano”.                                                                                         Fidel Castro, Rio de Janeiro, 1992. Agora, vinte anos depois, inspirados naquelas palavras de Fidel, no recente encontro que ele teve com um grupo de fundadores de nossa rede e em seu chamado a continuar lutando sem descanso para salvar a

O que você precisa saber sobre a Rio+20: a conferência

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, começa quarta-feira, 13 de junho, no Rio de Janeiro e com conclusão no dia 22. O evento foi proposto durante a abertura da Assembleia Geral da ONU em 2007, pelo então presidente brasileiro Lula, e convocado pelas Nações Unidas dois anos depois. Mas a história da conferência começou há mais tempo, precisamente 40 anos atrás. Histórico A primeira conferência que chamou a atenção da comunidade internacional para os problemas ambientais aconteceu em 1972, em Estocolmo, Suécia. A Conferência sobre Meio Ambiente Humano foi responsável pela elaboração de uma declaração com 28 princípios para conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental. Embora este desafio continue atual e complexo como nunca, o documento serviu para inserir a temática na agenda global. Vinte anos depois, foi a vez de representantes de mais de 170 países, incluindo 108 chefes de Estado, reunirem-se no Rio de Janeiro para dis

Positividades e negatividades da Economia Verde

Leonardo Boff A grande proposta que, seguramente, sairá da Rio+20 no nível oficial da Encontro dos representantes dos povos é a economia verde . A intenção é promissora:”economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”. Analisando o texto oficial, calcado sobre um documento do PNUMA Iniciativa de Economia Verde , se percebe que não difere nas metas e nos processos do clássico desenvolvimento sustentável. No fundo, se trata da mesma coisa. O documento da ONU evita o desenvolvimento sustentável como tema central pois tem a consciência da banalização e do desgaste desta expresão. Como denunciava recentemente Gorbachov: ele se revelou insustentável, "engendra crises, injustiça social e o perigo de catástrofe ambiental” (O Globo, 09/06/2012). A expressão mais adequada e menos ambígua seria uma economia de baixo carbono. Já fizemos críticas desta versão da economia, o caráter ideológico do mesmo capitalismo que já conhecemos, agora com a máscara

Pegada hídrica: pela gestão eficiente da água

Entrevista com Vanessa Empinotti Para garantir a gestão eficiente da água e avançar nas estratégias de conservação e melhor utilização dos recursos hídricos, ambientalistas do mundo todo apostam na pegada hídrica , uma metodologia "desenvolvida com o objetivo de quantificar a quantidade de água que é alocada durante o processo produtivo”, explica Vanessa Empinotti à IHU On-Line, em entrevista concedida por telefone. Para ela, o cálculo da pegada hídrica é fundamental e contribui para garantir a governança da água, pois além de calcular a quantidade de água gasta na produção de bens de consumo, funciona como uma "ferramenta de gestão, que nos mostra como se está utilizando a água e como indicativos de quais ações devem ser tomadas para aumentar a eficiência de uso dos recursos hídricos”. Na entrevista a seguir, a pesquisadora informa que, embora a pegada hídrica já seja reconhecida como um indicador eficiente para garantir o uso eficiente da água, os chefes de Estado ain