Governo tenta equacionar dívidas agrícolas
Ministério
da Agricultura costura um amplo programa para auxiliar produtores endividados e
com dificuldades em acessar crédito em instituições financeiras
Ainda trabalhando nos ajustes finais do Plano
de Safra 2012/13, que deverá ser lançado depois da Conferência Rio+20, que
termina no dia 22, o Ministério da Agricultura também costura um amplo programa
para auxiliar produtores endividados e com dificuldades em acessar crédito em
instituições financeiras.
O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro
Filho afirmou que solicitou ao secretário de Política Agrícola da Pasta, Caio
Rocha, que prepare em conjunto com o Ministério da Fazenda uma proposta para
"resolver de uma vez por todas o problema". A primeira etapa desse
trabalho já foi iniciada com a realização de um levantamento que tem por objetivo
mensurar o número de produtores que poderiam aderir ao programa em estudo.
Após a conclusão dessa fase, virá a escolha
da metodologia que será usada para resolver o problema dos endividados. É nesse
momento que começará a dificuldade do governo, que pretende resolver um
problema antigo.
Segundo apurou o Valor, por enquanto existem
dois caminhos em discussão na Agricultura. A criação de uma nova linha de
financiamento por meio de um voto do Conselho Monetário Nacional (CMN), para
quitar os débitos atuais, e a prorrogação dos vencimentos por um tempo a ser
definido, que pode variar conforme a região do país e o plantio.
As duas iniciativas, porém, não são do agrado
do Ministério da Fazenda. Uma fonte que acompanha o estudo afirmou que em ambos
os casos a solução será difícil. No primeiro, será "inviável"
conseguir tanto dinheiro de uma vez para disponibilizar a juros baixos. A
Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que as dívidas
dos produtores hoje ultrapassem a marca de R$ 20 bilhões.
A prorrogação também não é bem vista dentro
da Fazenda. Fontes que cuidam da negociação não concordam com medidas que
prejudiquem o setor financeiro. O entendimento é que se o setor financeiro for
lesado e passar a olhar de forma diferente para o produtor, poderá faltar
recurso no futuro para serem emprestados. "Não gostamos de discutir
anistia a dívidas ou nada que prejudique o setor financeiro para que o produtor
não sofra como em anos passados, quando não havia recursos suficientes para empréstimos",
disse a fonte.
O principal imbróglio em torno do plano safra
é sobre a redução de juros para os empréstimos aos agricultores. O governo
federal é bombardeado por todos os lados para que seja feita uma redução nas
taxas, que hoje são fixas. Os percentuais cobrados estão em 6,75% por ano para
grandes produtores, 6,25% para a "classe média" rural e entre 1% e 4%
aos agricultores familiares.
O plano do governo, segundo apurou o Valor,
prevê um corte de 0,5 ponto percentual nos juros cobrados de grandes produtores
e de 0,25 ponto para médios e pequenos agricultores. O governo fará uma redução
"gradual" no juro, "sem apertar demais o cinto", para
prevenir problemas com eventuais elevações da taxa Selic no futuro.
Essa redução está longe de contemplar o que é
solicitado. Ontem, durante audiência pública na Comissão de Agricultura do
Senado, senadores encaminharam um pedido para que o custeio da safra 2012/13
tenha juros máximos de 4,5% para a agricultura comercial e outro menor, de 3%,
para a familiar.
Fonte: valor econômico
Por: Tarso Veloso
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