Açude Castanhão e o Eixão das Águas

Na inauguração, no último dia 3, do trecho IV do Canal da Integração ou Eixão das Águas, gostaria de me reportar ao fato de que o Açude Castanhão, concluído no final de 2003, não ter contribuído, até hoje, com uma só gota d`água para abastecer a Região Metropolitana de Fortaleza. Na realidade, ele tem sido, desde o ano de 2004, quando encheu, um mero repassador da vazão que recebe do Açude Orós (12 m3/s), pois foi projetado num local, ou numa seção do Rio Jaguaribe, já perenizado por aquele açude. A Grande Fortaleza é abastecida por cinco açudes: Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião. A vazão que fornecem é da ordem de 6 m3/s. No ano crítico de 1993, que antecedeu a dois anos secos, houve necessidade de trazer 5 m3/s do Açude Orós para esta Região, o que foi feito através do Canal do Trabalhador, construído, emergencialmente, no Governo de Ciro Gomes. Foi como se evitou um caos.

O Orós, que se situa a 150 km a montante (acima) do Açude Castanhão, este sim pereniza o Rio Jaguaribe com 12 m3/s desde o ano de 1974 numa extensão de 300 quilômetros. Sem falar no Açude Banabuiú (11 m3/s) que tem a mesma função e junto com o Açude Orós abastece todo o Baixo Jaguaribe. Ainda hoje, as vazões regularizadas desses reservatórios ainda estão parcialmente aproveitadas. Note que o Açude Castanhão está a apenas 150 km do mar, portanto fora da área mais problemática do Estado onde ocorrem, de fato, as secas catastróficas.

Quanto ao Canal da Integração, ele, também, até hoje, não funcionou, mesmo porque somente nesse início de novembro ele está sendo finalmente inaugurado, para só então chegar à Região Metropolitana de Fortaleza. Mas, a bem da verdade, com ou sem este Canal, Fortaleza não teria tido necessidade do reforço do Açude Castanhão, apesar de o mesmo estar cheio desde o ano de 2004, portanto há oito anos, quando ocorreu um dos maiores invernos já registrados no Estado do Ceará. São informações técnicas, portanto, históricas, que merecem registro.

Conforme acima me referi, a Região Metropolitana consome atualmente uma vazão da ordem 6,0 m3/s de água. Não quero ser leviano em dizer que parte desta água poderia receber um tratamento específico e ser reutilizada para a Siderúrgica e a Refinaria de Petróleo previstas para o Complexo Industrial do Porto do Pecém. Esses dois empreendimentos, quando estiverem funcionando consumirão, menos de 3 m3/s. Fica, portanto, esta sugestão. Desconheço qualquer estudo que tenha sido feito neste sentido.

Por Dr. Cassio Borges – Engenheiro Civil
Fonte: O Estado
Editorial: Opinão 

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