Trabalhadores Sem Terra são recebidos a bala na prefeitura de Senador Pompeu no Sertão Central Cearense

 
Na manhã de ontem, 28, cerca de 500 trabalhadores e trabalhadoras sem terra ocupavam a prefeitura de Senador Pompeu no Sertão Central cearense. A manifestação era para cobrar dos governos municipal e estadual uma solução para a situação de seca que vivem os agricultores da região, entre os pontos de pauta estava a liberação imediata do seguro safra, abastecimento de água para mais de 30 comunidades incluindo os assentamentos, trabalho e renda no campo. A manifestação estava pacífica até a chegada da Polícia Militar.

Por volta das 09:00 a policia militar entrou na prefeitura e atirou em vários manifestantes. A ação da polícia causou revolta na população do município que veio prestar solidariedade aos trabalhadores, mais indignados ainda ficou os manifestantes, um cinegrafista do centro de defesa dos direitos humanos que filmava a manifestação teve seu equipamento atingido diretamente.

O Policial Militar identificado por nome de Humberto, foi o que mais efetuou disparos, o cinegrafista Fran Paulo ficou indignado “Um ato de extrema violência! ACABEI DE LEVAR UM TIRO DE UM POLICIAL, a bala entrou na lente da filmadora...”. O caso foi registrado da Delegacia Civil de Senador Pompeu, onde o cinegrafista fez o registro do boletim de ocorrência. A tarde a manifestação continuou, com os nervos aflorados agricultores cobravam do ministério público uma ação imediata de apuração e condenação dos envolvidos.

No momento em que os fatos estavam ocorrendo o Prefeito Municipal Ibervam Ramo (PSDB) estava em reunião com o governador do Estado Cid Gomes (PSB) e todos os prefeitos do estado esperando o anunciar as medidas contra a seca, mas não se pronunciou sobre o caso, nem fez qualquer articulação para evitar um confronto maior.

Mais medidas são anunciadas pelo governador e os recursos estão longe de chegar à população atingida. Os movimentos prometem mais ocupações de rodovias e protestos nas prefeituras. "Em todos esses 168 municípios, foi constatada a perda de safra superior a 2,77% das receitas dos municípios. Portanto, estou assinando a emergência de todos eles e remetendo ao Governo Federal. Peço o apoio da bancada para que isso seja analisado com a maior brevidade e todas as ações que requerem essa providência sejam adotadas o mais rápido possível", declara Cid Gomes. O governador anunciou o pagamento de mais uma parcela extra do Garantia Safra no valor de R$ 136,00, ficando um valor de R$ 716, em vez dos R$ 680,00 que serão pagos pelo Governo Federal.

Mais para os movimentos sociais essas ações são insuficientes para resolver os problemas estruturais causados pela seca. No mês de abril o MST entregou uma proposta ao governador do Estado com várias medidas que possibilitavam a permanência dos agricultores no campo, que vão desde a construção de barragens subterrânea, poços artesianos, açudes, cisternas de placa, e materiais para possibilitar pequenas irrigações para o processo produtivo. Para a coordenadora do MST no Ceará Antonia Ivoneide “ é preciso que haja medidas concretas que resolvam a situação, medidas paliativas não vai resolver os problemas” afirma Ivoneide

As 18:00 o prefeito chegou para receber a equipe de negociação, formada por representantes do MST, Centro de defesa dos direitos Humanos e STTR de Senador Pompeu. Ao chegar à prefeitura o prefeito foi recebido com vaias pelos manifestantes em sinal de protestos.

No inicio de audiência a comissão reclamou e chamou a atenção do prefeito para o fato ocorrido, depois da confusão a pauta foi atendida em partes no que dependia da prefeitura, houve a assinatura de um termo onde o prefeito Ibervam se comprometia em resolver as necessidades mais urgentes dos agricultores, como abastecimento d'água, cestas para o acampamento João Sem Terra, 40 Famílias entre outros pontos.

Mais fica registrado, na história do Ceará, nunca em manifestações realizadas em prefeituras tinha ocorrido tal fato de agressão, um verdadeiro “bang bang” contra os trabalhadores, uma equipe foi a delegacia de policia civil registrar o boletim de ocorrência e ao fórum da cidade, os movimentos esperam que o poder público apure os fatos e que os policiais que participaram da ação sejam punidos rigorosamente, sendo expulsos da corporação.

Fonte: Setor de comunicação do MST Ceará

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