SERTÃO DOS INHAMUNS -Tecnologia garante produção

Independência Na localidade de Brilhante, a 9Km da sede deste Município, existem quatro cisternas calçadão. Construídas há quase dois anos, como projeto piloto de uma parceria entre o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) e o Instituto Elo Amigo, a iniciativa comprova a eficiência desta tecnologia de convivência com o semiárido.

Torna possível, com o armazenamento de água proveniente da chuva no período de inverno a produção de frutas, legumes e criação de pequenos animais durante todo o verão, tanto para o consumo das famílias como para gerar renda com a venda do excedente.

"É um sonho por uma época dessa não termos a preocupação com a falta de água, não termos que ir buscar água longe ou correr o risco de não ter onde ir buscar. Temos água em casa, aqui no nosso quintal", comemora Celma Pereira. Para além de possuir a água como um bem necessário ao dia a dia, para beber, banho, cozinhar e outras utilidades do cotidiano de uma família de cinco pessoas, Celma se anima também com a realidade de transformação de vida conquistada por meio da cisterna calçadão, no que diz respeito à produção. "Plantamos primeiro para o nosso consumo, depois vendemos o que sobra".

Depois da construção da cisterna, dá gosto visitar o quintal da casa de Celma e da comadre Isabel Cristina, vizinhas que dividem os benefícios e trabalho advindos da cisterna e canteiros. Está tudo no início, mas a família já se serve da produção de verduras e frutas. "Nesse período o cuidado tem sido dobrado e a produção diminui", afirma Celma. O sol castiga muito a plantação, é tempo da seca. O tomate é o mais prejudicado. O que tem colhido dos canteiros é a cebolinha, coentro e algumas frutas para consumo da família. Diz que vai cuidando e mantendo, enquanto o inverno chega. Quando a produção é boa, vende para a própria comunidade e até manda para vender na sede.

Maracujá, goiaba, abacate, acerola, seriguela, manga, macaxeira, banana, coco, mamão. Tem um pouco de tudo no quintal da Celma. Tudo muito bem cuidado e aguado com o que ainda resta dos 53 mil litros da cisterna calçadão, que ficou cheia com o inverno deste ano. A água é bem aproveitada de todas as formas pela família. Além da produção de frutas e hortaliças, beneficia na criação de animais domésticos. Ela cria galinhas e suínos. Diz que com a chegada da cisterna de produção tudo mudou na vida da família, a partir da alimentação. "Aproveitamos a água de todo jeito em nosso benefício e hoje temos uma alimentação com muita qualidade. Além do feijão e outras misturas trazidas da cidade, temos muitas frutas, legumes, ovos e boa carne. Tudo isso é uma bênção", reflete a agricultora.

Com a cisterna, Celma teve a oportunidade de participar de cursos e conhecer outras formas de plantio para aproveitar a água acumulada na cisterna. Por meio do projeto de implantação viajou, inclusive, para outras cidades que tinham experiências de sucesso em plantios dessa natureza. E decidiu, junto com a vizinha, implantar os canteiros econômicos, nos quais a semente é adubada na terra que depois é coberta com lona, esterco e uma camada de telha, tudo intercalado por canos furados. Fizeram quatro canteiros.

A experiência, viagens, cursos e a prática nos canteiros lhe deram uma nova visão em relação à vida e de como lidar com o seu sistema de produção. Agora, de forma mais sustentável.

Silvania Claudino
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste

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